quinta-feira, 7 de março de 2013 | By: Cinthya Bretas

AMORES DO PASSADO NÃO MOVEM MOINHOS




Amores do passado não movem moinhos. Talvez nossa imaginação. Ou nosso desejo em direção a alguma coisa nova, principalmente se o agora não anda muito bom.
“Ah, e se?” Assim se inicia a divagação quase sempre pela frase que tenta adivinhar o que nunca foi e quiçá será.
“Se estivéssemos juntos, se tivesse dado certo”...
“Se eu tivesse feito (ou dito) isso ou aquilo..”
Na verdade são especulações, projeções, inventividades, mas, a realidade mesmo, quem sabe como seria?
Se, acabou e no mais das vezes, investigando perceberemos que foi por motivos óbvios, foi porque não era possível continuar.
Mas como o tempo tem conhecidas e divulgadas propriedades mágicas, ele nos anestesia as memórias, ou melhor, ele seletivamente deixa para alguns somente as que valem a pena. E serão justo estas que destrutivamente nos impulsionarão em direção ao passado.
O Passado, que como já bem diz o nome, já não está mais aqui. É Aquilo que já passou. E no caso analisado se trata daquilo que num momento em nossas vidas foi deixado para trás, intencionalmente ou não, mas que agora, reformatado pelo tempo e, mormente com o tempero de um mau momento atual, parece tentadoramente perfeito.
   Defendemo-nos da árdua lida em resolver o que grita por solução no aqui e agora à nossa frente para nos dedicarmos a digressões sobre o que já passou, nos embalamos nos devaneios de algo que não volta.
Porque se voltasse, ou melhor, se reencontrássemos este amor do passado, provavelmente ele também estaria passado, e parafraseando a Cassia Eller, o suposto príncipe ou princesa pode ter se tornado um chato, pode ter também ficado no passado em corpo e alma, sem crescer, sem evoluir, estagnado como nossas emoções estão nos querendo fazer ficar, ao insistir num tema antigo.
 Pode ser que não, que este velho amor apareça e esteja perfeito, mas e nós? Não mudamos? O que nos atraiu ainda atrairia? Ou é somente o que nos quer fazer pensar a nossa fantasia?
Mas são tantas as argumentações internas: Podemos ter mudado muito internamente, o par sonhado pode estar tentadoramente em forma...Mas a pior armadilha é entender que o destino ou “alguém”, este Outro sempre presente nos dramas cotidianos  é que maldosamente interviu gerando a dissensão fatal. Portanto, foi um mal entendido. Não tínhamos amadurecimento suficiente, etc...
Estas frases ecoam dentro de nós enquanto não conseguimos acessar o fato de que nada será como antes agora, como tampouco amanhã.
No entanto em muitos casos, raros, sim pode ser verdade. Todas estas aspirações podem ser verdadeiras e não miragens. Mas, em outros, nunca. E, ser capaz de distinguir antes de mergulhar de costas numa piscina que não sabemos se esta cheia ou vazia é fundamental.
Mas e ai? Como não cair numa cilada?
 Com discernimento, como em tudo na vida. A pergunta principal a ser feita diante do espelho matinal do amor será: “Este súbito re-apaixonamento ou saudade em minha vida pode estar sendo um paliativo diante de uma atualidade insatisfatória?” E em seguida deveremos interpelar: “Serei capaz de encarar este reencontro com os pés no chão?”.
Porque assim como ao nosso amor “revival” muitas coisas se nos aconteceram. Experiências que modificaram e atualizaram nossa maneira de pensar e agir.
Será, portanto, esta pessoa atualizada que se encontrará com outra também modificada. Então ao final das contas somos absolutamente outros. 
A novidade encontrando a novidade. E será só e unicamente com este espirito que os ex-futuros- amores devem se mirar. Com o encantamento e a curiosidade de quem sabe que tudo se pode esperar

0 comentários:

Postar um comentário

Diga o que pensa