Amores do passado não movem moinhos. Talvez
nossa imaginação. Ou nosso desejo em direção a alguma coisa nova,
principalmente se o agora não anda muito bom.
“Ah, e se?” Assim se inicia a divagação
quase sempre pela frase que tenta adivinhar o que nunca foi e quiçá será.
“Se estivéssemos juntos, se
tivesse dado certo”...
“Se eu tivesse feito (ou dito) isso ou
aquilo..”
Na verdade são especulações, projeções,
inventividades, mas, a realidade mesmo, quem sabe como seria?
Se, acabou e no mais das vezes,
investigando perceberemos que foi por motivos óbvios, foi porque não
era possível continuar.
Mas como o tempo tem conhecidas e
divulgadas propriedades mágicas, ele nos anestesia as memórias, ou melhor, ele
seletivamente deixa para alguns somente as que valem a pena. E serão justo
estas que destrutivamente nos impulsionarão em direção ao passado.
O Passado, que como já bem diz o nome, já
não está mais aqui. É Aquilo que já passou. E no caso analisado se trata daquilo
que num momento em nossas vidas foi deixado para trás, intencionalmente ou não,
mas que agora, reformatado pelo tempo e, mormente com o tempero de um mau
momento atual, parece tentadoramente perfeito.
Defendemo-nos da árdua lida em resolver o que grita por solução no aqui
e agora à nossa frente para nos dedicarmos a digressões sobre o que já passou,
nos embalamos nos devaneios de algo que não volta.
Porque se voltasse, ou melhor, se reencontrássemos este amor do passado,
provavelmente ele também estaria passado, e parafraseando a Cassia Eller, o
suposto príncipe ou princesa pode ter se tornado um chato, pode ter também
ficado no passado em corpo e alma, sem crescer, sem evoluir, estagnado como
nossas emoções estão nos querendo fazer ficar, ao insistir num tema antigo.
Pode ser que não, que este velho
amor apareça e esteja perfeito, mas e nós? Não mudamos? O que nos atraiu ainda
atrairia? Ou é somente o que nos quer fazer pensar a nossa fantasia?
Mas são tantas as argumentações internas: Podemos ter mudado muito internamente, o
par sonhado pode estar tentadoramente em forma...Mas a pior armadilha é
entender que o destino ou “alguém”, este Outro sempre presente nos dramas
cotidianos é que maldosamente interviu
gerando a dissensão fatal. Portanto, foi um mal entendido. Não tínhamos
amadurecimento suficiente, etc...
Estas frases ecoam dentro de nós enquanto não conseguimos acessar o fato
de que nada será como antes agora, como tampouco amanhã.
No entanto em muitos casos, raros, sim pode ser verdade. Todas estas aspirações
podem ser verdadeiras e não miragens. Mas, em outros, nunca. E, ser capaz de
distinguir antes de mergulhar de costas numa piscina que não sabemos se esta
cheia ou vazia é fundamental.
Mas e ai? Como não cair numa cilada?
Com discernimento, como em tudo
na vida. A pergunta principal a ser feita diante do espelho matinal do amor será:
“Este súbito re-apaixonamento ou saudade em minha vida pode estar sendo um
paliativo diante de uma atualidade insatisfatória?” E em seguida deveremos interpelar:
“Serei capaz de encarar este reencontro com os pés no chão?”.
Porque assim como ao nosso amor “revival” muitas coisas se nos aconteceram.
Experiências que modificaram e atualizaram nossa maneira de pensar e agir.
A novidade encontrando a novidade. E será só e unicamente com este espirito que os ex-futuros- amores devem se mirar. Com o encantamento e a curiosidade de quem sabe que tudo se pode esperar
0 comentários:
Postar um comentário
Diga o que pensa