terça-feira, 26 de abril de 2011 | By: Cinthya Bretas

Corpo, registro da mente e das emoções



Quando sentimos medo, raiva, ou algum tipo de emoção destrutiva semelhante, nosso corpo reage com modificações fisiológicas e neurológicas.
Estas manifestações são claramente visíveis a ponto de estarem instaladas no linguajar popular: “vermelho de raiva”, “suando frio de medo”, “branco de susto”, ”com as pernas bambas” como referências a fenômenos neuro-vegetativos. São as manifestações exteriores, corporais das emoções que assomam, vem à tona e nos possuem. E podem ficar para sempre.
Distúrbios digestivos os mais variados, alergias e distúrbios neuro-vegetativos afins,  medos ansiedades e angústias despropositadas , dores articulares, musculares e de cabeça , insônias constantes assim como alguns outros sintomas repetitivos e de difícil diagnóstico e tratamento demonstram que estas emoções não puderam ser expurgadas.
Se uma emoção é freqüente, se repete em nossas vidas, acaba por criar cristalizações. Cria-se uma organização muscular fixa que denuncia uma organização psíquica também fixa. Tratam-se das couraças musculares das quais falava William Reich. Estas couraças, resumo de encurtamento e estiramentos musculares, são também resultado de represamento ou congelamento de energia. E o que são as emoções senão energia?

Foi a partir da observação deste fenômeno e da constatação da importância de uma intervenção sobre estes bloqueios energéticos que Reich, em primeiro lugar, seguido pelo seu discípulo Alexander Lowen buscaram desenvolver uma técnica psicoterapêutica na qual a abordagem sobre estes represamentos energéticos fosse um ponto fundamental do tratamento.

Segundo Reich: "Blindagem é a condição que ocorre quando a energia é ligada pela contração muscular e não flui através do corpo" (Reich: 1936).
A couraça, portanto seria "a soma total das atitudes típicas de caráter, que um indivíduo desenvolve como um bloqueio contra a sua excitação emocional, resultando em rigidez no corpo e falta de contato emocional".
Ele assim definiu a couraça muscular: "a soma total de espasmos musculares crônicos que um indivíduo desenvolve como um bloco contra a irrupção de emoções e sensações de órgão, particularmente ansiedade, raiva e excitação sexual" (Reich: 1936).

Portanto estas emoções de acordo com sua qualidade e de como foram fixadas no corpo criarão bloqueios de energia que foram denominados anéis de encouraçamento. Este anéis de encouraçamento se localizam em pontos chave de nosso corpo além de acarretarem uma grande variedade de sintomas físicos denotam uma manifestação psiquica correlata e proporcional ao nível de encouraçamento.
 Constata-se que a estrutura do corpo estará sendo constantemente modificada como um reflexo as tensões as quais esta sujeita (Lowen,1965 ) por isso a utilização da estrutura corporal na análise da personalidade além de justificável, possibilita uma via de acesso terapêutico eficiente através da liberação da estrutura muscular crônica nos seus vários segmentos  e juntos com ela seus sintomas e limitações psico-afetivas.  A quantidade de energia que um corpo possui e como ele a usa irá determinar e refletir em sua personalidade , uma personalidade vibrante e feliz existe num corpo sem medos.

A análise bioenergética e suas intervenções habilitam o terapeuta a um encontro profundo com as memórias afetivas negativas que estão inscritas no corpo do paciente e se apóia sobre princípios que se assemelham em muito a técnicas corporais ancestrais de desbloqueio como a Yoga.
Seu trabalho é o de trazer o paciente de volta para o seu corpo aterrando-o e habilitando-o a tirar o maior proveito da vida que ali circula. Esta abordagem inclui o trabalho de desbloqueio que abarca a respiração, a remobilização corporal e o acesso e a expressividade de emoções e sentimentos desconhecidos.
O retorno e aumento de energia circulante é facilmente percebido pelo sentimento de bem estar e fluência afetiva na vida, pela ampliação da respiração, dos movimentos, da fala e dos olhos.
O objetivo da Bioenergética é ajudar o indivíduo a retomar sua natureza intrínseca de liberdade e seu estado de graciosidade e beleza correspondentes. Não devemos nos esquecer que o conceito de liberdade aqui se aplica à ausência de restrições ao fluxo de sentimentos e sensações, e que a graciosidade é o estado daquele que alcança a expressão fluente de movimentos em direção à vida, ao amor e a realização, e que a beleza neste contexto resulta como manifestação da flagrante harmonia interna que tal fluir provoca.

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