sexta-feira, 13 de maio de 2011 | By: Cinthya Bretas

O que faz durar um casamento?


            Muitas vezes escuto esta mesma pergunta como se existisse uma formula mágica ou precauções que possam ser tomadas. Não que não existam mesmo precauções. Elas existem, porém só farão “efeito” se forem não, precauções, mas exclusões naturais no repertório de respostas emocionais equivocadas de cada um dos cônjuges.
Assim talvez não possamos falar em coisas que não devemos fazer nem em coisas que devemos evitar, como numa receita, mas de quanto somos capazes de entrar em contato conosco mesmo diante das necessidades naturais que surgem nas trocas afetivas dentro de qualquer relacionamento. De quanto somos capazes de, a partir de um olhar para dentro de nós mesmos, encontrar maneiras saudáveis de responder a estas necessidades e de quanto somos capazes de refletir quando cometemos erros.    
A verdade é que o caminho se faz fazendo. O caminho do casamento também. E deve ser vivenciado com muita autenticidade a cada passo. Pensado, ponderado, contemporizado a cada gesto porque ali não estamos sós, afinal, é uma relação.  E não ache que este pensar, ponderar vai retirar a espontaneidade da relação. Não se trata disso, trata-se da delicadeza no trato com o outro que, devemos lembrar, é o outro escolhido para vivermos, a princípio, o resto de nossas vidas. É importante nos darmos conta de que não estamos diante do espelho entabulando uma relação conosco mesmos, mas estamos diante da diferença que não deve ser rejeitada, transformada ou soterrada só porque não nos faz reflexo. Trata-se de outra vida, outro ser. Outro ser que não é definitivamente nem um de nossos pais, ou de nossos irmãos e tampouco alguém com quem nos relacionamos antes.
Você pode até olhar e ver ali refletido  alguém ou algo conhecido, algo que já viveu e se repete em sua vida, mas na maioria das vezes quem escolhe que se repita é você mesmo.
Mas para poder perceber tudo que podemos fazer sem perceber no trato com o outro é necessário o exercício de autoconhecimento para que, aquilo de sofrido que nos marcou e que fica oculto em nossas memórias, não transborde e se desloque para cada novo relacionamento como uma sina.
Conhecer a si mesmo é poder pensar-se, prever-se dentro das tendências de expressividade afetiva que aprendemos em nossa trajetória de vida. È saber que às vezes resvalamos em nossas dores muito tempo depois que aquilo que as gerou já tenha se ido em nossas vidas.
 Nossa rejeição, nosso medo de ser abandonado de não ser suficientemente amado, que nos fragiliza e nos faz interpretar o outro adiantado, que nos faz querer controlar ou mesmo desejar sumir diante da impotência de lidar  com isto tudo estão aqui pertinho prontos para saltar sobre nossa relação se  não estivermos de sobreaviso, ou seja, se não fizermos um trabalho de autoconhecimento. Um trabalho que nos permita reconhecer antes de tudo estas faltas que carregamos.
Particularmente aqueles que tiveram uma história de muito sofrimento e abandono afetivo deverão se ater a necessidade de procurar auxílio neste processo de aprofundamento no entendimento de quando e porque reagimos emocionalmente da maneira que reagimos.
Quando situações se repetem, quando certas características de nossas personalidades estão constantemente nos fazendo sofrer ou fazer sofrer e perder as pessoas que amamos.Quando nossas escolhas amorosas sempre nos levam a histórias desnecessariamente aviltantes é imprescindível despertar a consciência  daquilo que nos move nestas direções de sofrimento, sem nos darmos conta.
Estas são formas preventivas que antecedem as escolhas do parceiro para uma vida toda. Portanto se voltarmos a pergunta inicial poderemos responde-la não com uma receita ou com uma longa lista de “faça ou não faça”  mas com uma única palavra:Consciência .
Conheça a si mesmo para se conhecer dentro da relação e para ser capaz de  conhecer, ver com realidade e se relacionar verdadeiramente com quem escolheu para esta longa parceria.

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